Referência: Amélia Domingues de Castro Doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH, da Universidade de São Paulo – USP; Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas – Unicamp. Publicação: Série Idéias n. 11. São Paulo: FDE, 1991 Páginas: 15-25
O termo “Didática”, é conhecido desde a Grécia antiga, com
significação muito semelhante à atual, ou seja, indicando que o objeto ou a
ação qualificada dizia respeito a ensino: poesia didática, por exemplo. No lar
e na escola, procedimentos assim qualificados -didáticos – tiveram lugar e são
relatados na história da Educação. Como objeto de reflexão de filósofos e
pensadores, participam da história das idéias pedagógicas.
A Didática surge graças á ação de dois educadores, RATÍQUIO
e COMÊNIO, ambos provenientes da Europa Central, que atuaram em países nos
quais se havia instalado a Reforma Protestante. Essa etapa da gênese da
Didática a faz servir, com ardor, á causa da Reforma Protestante, e esse fato
marca seu caráter revolucionário, de luta contra o tipo de ensino da Igreja
Católica Medieval.
O aspecto metodológico da Didática encontra-se, sobretudo,
em princípios, e não em regras, transportando-se o foco de atenção às condições
para o desenvolvimento harmônico do aluno. A valorização da infância está
carregada de conseqüências para a pesquisa e a ação pedagógicas, mas estas vão
ainda aguardar mais de um século para concretizar-se.
Tomar consciência que a Didática hoje oscila entre
diferentes paradigmas pode ser algo muito auspicioso para a comunidade
pedagógica. Na verdade ela nunca foi monolítica: é o que prova a própria
necessidade de adjetivação adotada tantas vezes: Didática renovada, ativa,
nova, tradicional, experimental, psicológica, sociológica, filosófica, moderna,
geral, especial etc. Pois é certo que a Didática têm uma determinada
contribuição ao campo educacional, que nenhuma outra disciplina poderá cumprir.
E nem a teoria social ou a econômica, nem a cibernética ou a tecnologia do
ensino, nem a psicologia aplicada à Educação atingem o seu núcleo central: o
Ensino.
A Didática, que, como vimos, se aproxima de outras teorias,
em sua necessidade de explicar as relações entre os eventos que estuda, pois a
função da teoria é a explicação. A Didática deve conviver com essa dupla
feição, teórica e prática. Como a Medicina. E uma prática muito especial, pela
responsabilidade social que a envolve, já que tem uma grande impregnação
social. Mas são diferentes a elaboração de um rol de prescrições e o traçado de
conjecturas, de proposições com diferentes graus de probabilidade, de hipóteses
conduzidas pela teoria. Pois os caminhos didáticos, ao contrário do que julgam
alguns tecnodidatas, são amplos e diferenciados e não estritos e exclusivos.
Amélia, deixa claro que, no seu ponto de vista, a Didática,
como disciplina e campo de estudos, parece acelerar o progresso no sentido de
uma autoconsciência de sua identidade – encontrada em seu núcleo central – e de
sua necessária interdisciplinaridade. Conseguir plenamente a autonomia, sem
prejudicar suas fecundas relações com disciplinas afins, é um projeto que, a
meu ver, depende tanto de um esforço teórico e reflexivo, quanto de um avanço
no campo experimental. Creio que é tarefa para o século XXI.
Essa leitura foi proposta no dia 08/agosto
A didática é tão importante que sem ela não aprenderíamos nem a falar.
ResponderExcluirPois desde bebês aprendemos do mundo de forma experimental, sendo fundamental o uso da didática em todas as áreas do ensino.
Didática é a ponte entre teoria e prática!
O texto é excepcional!